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Saúde da Região dos Lagos está "capenga"

Na busca por atendimento em hospitais, pacientes da Região dos Lagos do Rio têm precisado viajar para cidades vizinhas, muitas vezes orientados pelos próprios médicos da cidade de onde vêm. Uma reportagem especial da Inter TV mostrou a situação provocada pela falta de médicos e recursos em alguns hospitais da região.

Em todos os hospitais públicos de Cabo Frio, pacientes reclamam de problemas de atendimento e infraestrutura. Todas essas reclamações da população e denúncias feitas por profissionais da saúde já chegaram ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).Representantes do Cremerj vistoriaram unidades da cidade e enviaram as conclusões ao Ministério Público.

Segundo informações do Cremerj, a entidade constatou o déficit de recursos humanos, vínculos empregatícios precários, ausência de equipamentos e materiais, problemas estruturais, erros na identificação de pacientes e a dificuldade na transferência de doentes. De acordo com o vice-presidente do Cremerj, Nelson Nahon, o conselho tem recebido denúncias de pacientes da região e de funcionários.

"É preocupante porque, além das fiscalizações, temos recebido denúncias de condições de trabalho inadequadas e de sucateamento das unidades. Tudo isso, é claro, afeta o atendimento à população. A situação piorou ainda mais depois que uma das UPAs no município foi desativada", explicou o vice-presidente.

Búzios

Luis Alberto Costa, presidente da Associação de Moradores do bairro de Cabo Frio, Parque Eldorado II reclama que não tem médico mas tem que ir pra Búzios pra se atendido no único hospital da cidade, o Rodopho Perissé.

A Prefeitura de Búzios diz que houve aumento na procura por atendimentos no hospital municipal, em especial, por moradores de Cabo Frio.

"Hoje o maior número de pacientes que buscam atendimento é de Cabo Frio. Por isso o meu pedido de socorro ao secretário Estadual de Saúde é a reabertuda da UPA de Cabo Frio porque com isso a gente poderia estar conduzindo os pacientes que estão buscando o nosso Pronto-Socorro para uma unidade dentro do próprio município.

São Pedro da Aldeia

Em São Pedro da Aldeia, o Pronto-Socorro da cidade é um dos destinos de moradores de Cabo Frio que buscam atendimento. Karina, que é diabética e está com suspeita de febre chikungunya, foi à unidade para tentar conseguir insulina após passar pelo Hospital do Jardim Esperança, em Cabo Frio.

"Não tem medicamento, nem médico e nem pediatria. Ontem mesmo eu estive lá e o médico me mandou para casa. Só que eu passei a noite toda sentindo dor e hoje meu esposo me trouxe aqui no Hospital de São Pedro da Aldeia e ainda conseguiu a medicação.

O Pronto Socorro de São Pedro atende cerca de 130 pessoas por dia, mas nem sempre os pacientes da unidade saem satisfeitos. Evandro Souza, que mora na cidade, foi com os dois filhos pequenos com febre e diarreia. Sem atendimento, ele foi orientado a procurar uma solução emCabo Frio.

O diretor do Hospital da Criança de Cabo Frio disse que a migração de pacientes tem prejudicado o atendimento na unidade, que fica superlotada. "Isso nos preocupa pelo fato de que nós estamos abertos aqui para atender o povo cabofriense e cada município tem que ter a sua responsabilidade", disse Antony Ferrari.

Arraial do Cabo

A situação se estende e chega a Arraial do Cabo. No Hospital Municipal, que atende cerca de 500 pessoas por dia, pelo menos a metade, segundo a diretora, vem de municípios vizinhos.

"Nós tínhamos menos médicos e tivemos que aumentar porque a demanda tá muito grande, para otimizar o serviço cada vez mais. A maioria das pessoas são de fora. E eles têm que ser atendidos porque nós somos porta aberta", explicou Cenir Amorim, diretora do Hospital de Arraial.

Médicos estressados

Médicos das unidades afetadas também sentem a pressão da sobrecarga na demanda. O cardiologista Marcelo Bastos disse ter chegado a atender 200 pessoas em um dia.

"É ruim, porque você não consegue dar a atenção que você gostaria de dar ao paciente e muitas vezes não consegue avaliar da forma que você gostaria de avaliar, não tem disponível todos os exames em um tempo viável. Então às vezes é um atendimento meio superficial, tratando a dor, o sintoma e não conseguindo solucionar o problema final do paciente", explicou.

Cabo Frio

A Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio informou que está contratando médicos para completar o quadro funcional do Hospital do Jardim Esperança e reforçar o atendimento no Hospital da Mulher. Os interessados devem entrar em contato com a Secretaria de Saúde para contratação imediata.



Fonte : G1