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Hospital de Araruama deixa perna de menino de 2 anos, 5 cm mais curta.

Pais de um menino de 2 anos, morador de Araruama, denunciaram um hospital da cidade após a criança ter cerca de 5 cm da perna encurtada por causa de um engessamento. 

Fotos sensibilizou centenas de pessoas nas redes sociais, incluindo profissionais da saúde, que ofereceram ajuda à família. 

A direção do Hospital Estadual Roberto Chabo se pronunciou através de nota enviada pela Secretaria de Estado de Saúde.

De acordo com os pais, o menino foi levado ao Hospital Regional de Araruama com o fêmur da perna esquerda quebrado em novembro de 2015 e, um mês depois, um raio-x mostrou um desencontro na colagem do osso. A perna da criança ficou com um desvio, que, segundo a família, faz o menino ter problemas ao caminhar.

"Ele foi levado para a UPA, mandaram transferir para o regional e em vez de operarem eles colocaram o gesso. Pedindo opinião para outros médicos, eles falaram pra gente que tinha que ter operado desde o primeiro dia, e não colocar gesso. Se tivesse operado, meu filho não estaria passando pelo que está passando agora", desabafou o pai.

"Ele fala 'dói perna, papai'", conta Wanderson Fidélis Saraiva, pai do menino.

De acordo com a família, os médicos chegaram a trocar o gesso na perna da criança duas vezes e disseram que não poderiam fazer uma cirurgia. Ainda segundo os pais, os médicos alegaram que o procedimento era padrão.

O caso foi levado ao Ministério Público, que avalia a denúncia. Nesta semana, o menino foi levado novamente ao hospital para passar por novos procedimentos mas, segundo a família, o tratamento deve ser feito no Hospital da Criança, no Rio, onde a criança vai precisar de acompanhamento por alguns anos para que não haja sequelas.

Posicionamento da Secretaria de Estado de Saúde

Por meio de nota, a direção do Hospital Estadual Roberto Chabo informou que o paciente Uanderson Ferreira Saraiva deu entrada na unidade no dia 16 de novembro de 2015 após ser transferido da UPA de Araruama com fratura no fêmur.

"No mesmo dia, o paciente foi submetido à cirurgia com colocação imediata de gesso pelvipodálico (metade de uma perna e parte da outra, com fenda para a higiene). Este é o tratamento indicado para esse tipo de fratura em crianças pequenas, na faixa etária de Uanderson, que tem 2 anos e 10 meses. A criança teve alta no dia seguinte (17/11), com marcação de retorno para reavaliação ambulatorial no próprio HERC em duas semanas".

Ainda de acordo com a nota, a família retornou no dia marcado, em 1º de dezembro, mas com o gesso em péssimo estado de conservação, quebrado e sujo, com os médicos identificando a necessidade da troca do gesso, o que foi feito de novo no centro cirúrgico.

"O menino foi liberado no fim do mesmo dia, retornando no dia 7, mas sem gesso, que foi retirado em casa, sem orientação médica. Mais uma vez, a criança retornou ao centro cirúrgico para novo procedimento com recolação do gesso. O menino recebeu alta no dia seguinte, 8 de dezembro, de novo com a orientação de voltar na semana seguinte".

Segundo a direção do hospital, no dia 17 de dezembro, às 9h, mais uma vez a criança retorna ao HERC, de novo sem o gesso. Nesse dia, o menino foi submetido a novas radiografias que evidenciaram consolidação da fratura com discreto encurtamento.

"Com o quadro, e diante da necessidade do acompanhamento da curva de crescimento da criança, os médicos solicitaram acompanhamento e avaliação em uma unidade referência em ortopedia pediátrica, inserindo Uanderson na regulação. Por conta do período de festas, os pais desistiram de aguardar a avaliação com a criança internada, indo para casa. Nesta segunda-feira, dia 11/01, o HERC fez contato com a família informando que a avaliação estava liberada e que o menino deveria ser internado às 10h desta terça, 12, no HERC, para encaminhamento à unidade referência: Hospital da Criança, em Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, onde será avaliado. O paciente foi avaliado e já retornou a Araruama".

A Secretaria de Estado de Saúde ressaltou que a criança poderia ir para a avaliação por meios próprios. Mas diante da falta de recursos da família, o HERC vem acompanhando todo o processo, providenciando inclusive o translado como forma de assegurar que a avaliação seja realizada, assim como os acompanhamentos futuros da curva de crescimento.

Protesto em redes sociais

Centenas de pessoas acessaram os perfis dos pais nas redes sociais para oferecer ajuda após um texto em que Rogéria Silva, mãe do menino, conta a situação difícil pela qual passava. De acordo com Wanderson, só depois dessa repercussão é que representantes do Hospital Regional de Araruama procuraram a família.

"Eu quero a perna do meu filho no lugar. É a única coisa que eu quero. Que meu filho possa voltar ao que ele era antes: a andar corretamente", finalizou o pai.

A Secretaria de Estado de Saúde informou que o procedimento feito no menino é o indicado para a idade dele e que neste caso não caberia cirurgia. Informou ainda que o gesso teria sido retirado pela família e não pelos médicos por duas vezes.

De acordo com os pais, o gesso foi retirado uma vez, mas foi recolocado 20 minutos depois. Mesmo assim, a Prefeitura de Araruama informou que vai disponibilizar o transporte para a criança fazer o tratamento no Hospital da Criança no Rio.


Fonte : G1
Foto   : Arquivo pessoal Rogéria Silva