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Médica condenada por homicídio que grupo degolou as vitimas em BH quer voltar a trabalhar

A médica Gabriela Corrêa Ferreira da Costa, de 31 anos, condenada a 46 anos de prisão por envolvimento no "bando da degola", quer voltar a trabalhar, afirmou, em entrevista ao G1 nesta sexta-feira (19), o advogado José Arthur Kalil. A médica ficou desempregada depois que a direção de um hospital de Maricá, no interior do Rio, tomou conhecimento do caso.

Segundo a defesa de Gabriela, que é clínica geral, a única participação que ela teve no caso, com dois homicídios em Belo Horizonte (MG), foi a realização de saques bancários, sob a ameaça dos integrantes do bando.

Gabriela Corrêa Ferreira da Costa foi condenada no dia 31 de março pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) pelos crimes de formação de quadrilha, extorsão, cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e destruição e ocultação de cadáver. Ela foi considerada pelo 2º Tribunal do Júri de Belo Horizontex culpada pelas mortes de Fabiano Ferreira Moura e Rayder Santos Rodrigues, que foram extorquidos, sequestrados, torturados e assassinados em um apartamento no bairro Sion, Região Centro-Sul da capital, em abril de 2010. A defesa dela entrou com um recurso que suspendeu os efeitos da decisão.

"Ela está muito abalada e não existe nada definido que a obrigue a cumprir a pena. Mas ela espera voltar a trabalhar como médica, sim, pois é muito capaz e está precisando trabalhar. Ela vem sofrendo as consequências ao longo dos últimos anos (o crime ocorreu em 2010). Mas é uma pessoa muito dedicada para a medicina, com valores humanos e uma ótima profissional", disse o advogado José Arthur Kalil.

A médica, moradora de Niterói, atuava no Hospital Municipal Conde Modesto Leal no Setor de Paciente Grave (SPG), mas na segunda-feira (15) foi demitida, mesmo tendo o direito de exercer a profissão, conforme explica o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).

A defesa de Gabriela também se posicionou sobre a demissão e se disse "entristecida" com a "exposição precipitada" que a médica tem sofrido com a repercussão do caso em jornais, sites e Blogs de notícias da Região dos Lagos. O advogado espera, ao menos, diminuir o "efeito negativo" que a médica tem tido com o desenrolar da sentença.

"Eu lamento muito toda essa situação. De fato, ela está suportando indevidamente todo o peso de uma condenação criminal por crimes graves e de forma injusta. Isso está afetando profundamente a vida social e profissional dela", declarou.


José Arthur Kalil contesta a decisão da Justiça e afirma que Gabriela não pode responder por homicídio e sequestro por não ter ligação com as mortes.Defesa justifica envolvimento da ré
Responsável pela defesa da médica, José Arthur Kalil, não nega a participação de Gabriela Corrêa no caso. No entanto, alega que ela não participou da execução dos empresários.



"Ela foi responsável apenas por realizar saques nas contas das vítimas, e foi obrigada a fazê-los. Ela foi coagida pelos líderes do bando e começou a receber ameaças do chefe do grupo, um mês antes do crime, para ser forçada a participar da ação", esclareceu, ressaltando que ela não ficou com o dinheiro sacado.

"Eu tenho certeza que o Tribunal de Justiça vai acatar pelo menos parte das nossas argumentações. Que, no mínimo, vai ser justo e submetê-la a um novo julgamento, uma vez que o processo mostra claramente que ela não teve envolvimento com o sequestro e com as mortes", concluiu.


Ré está livre para exercer a profissão

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Pablo Vasques, explicou que Gabriela tem o direito de exercer a profissão por já ter cumprido a suspensão de 30 dias estipulada pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais e pelo Conselho Federal de Medicina.

Pablo Vasques afirmou ainda que Gabriela pode encontrar um novo emprego porque ela cometeu um crime na esfera cível e não médica. 

"Evidente que essa é uma situação desagradável. Mas se um médico comete um crime comum, como um atropelamento, por exemplo, deve ser julgado na Justiça comum. São realidades diferentes", avaliou Pablo.

Após demissão

Após ser demitida do Hospital Conde Modesto Leal, em Maricá, a Prefeitura da cidade enviou uma nota se pronunciando sobre o assunto. A nota informa que os registros da médica eram válidos e seu comportamento técnico foi considerado "excelente", reduzindo, inclusive, o índice de óbitos no hospital. A assessoria também informou que o vínculo profissional da médica era com a Organização Social (OS), contratada para o gerenciamento da unidade.


Texto : Gustavo Garcia - G1
Fotos : Romário Barros - Site Lei Seca Maricá