(Foto Lucia Bezerra) |
Uma família, denuncia a Maternidade Missão de São Pedro, por negligência médica após a morte de um bebê. Lucca Bittercourt Lopes Cardoso, com três dias de vida, morreu por falência múltipla dos órgãos, hipertensão pulmonar severa, síndrome mecânica e asfixia, de acordo com o atestado de óbito do menino. A mãe da criança, Thayná Ribeiro, de 17 anos, que é criada pela avó desde pequena, estava grávida de 40 semanas e cinco dias, deu entrada na unidade de saúde na noite de segunda-feira dia 14 de julho. O bebê, que era o primeiro filho da jovem, nasceu de parto normal na madrugada de terça-feira dia 15 de julho.
Segundo a bisavó da criança, Lúcia Nogueira Bezerra Ribeiro, de 54 anos, assim que a criança nasceu, a médica responsável pelo parto informou que o menor não estava bem pois tinha aspirado mecônio, que são as primeiras fezes do bebê.
A médica pediatra chegou as 9h40 da manhã, duas horas e quarenta minutos depois do horário. De acordo com a bisavó, a pediatra disse que a criança estava em “um quadro considerado gravíssimo” e precisava ser transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neo Natal.
Lucca Cardoso ficou vivo apenas três dias. Não resistiu e morreu na manhã da última sexta-feira dia 18 de julho. O enterro foi no Cemitério Municipal de São Pedro da Aldeia, que fica ao lado da maternidade onde a criança nasceu.
Gustavo da Silva Cardoso, de 18 anos, também acompanhou todo o caso de perto, disse que está inconformado com a falta de pediatra em uma maternidade, principalmente durante os partos e para atender casos como o do seu filho.
“Nem tenho muito para falar nessa hora. Foi absurdo perder meu filho por falta de médico, de um pediatra. Alguma coisa precisa ser feita”.
E agora "José"
De acordo com Antônio Gil, diretor geral da Maternidade São Pedro, há falta de profissionais pediatras no plantão. Ele disse que o recomendável pelo Ministério da Saúde é que o pediatra faça parte da equipe médica durante o parto, mas não tem funcionários suficientes por falta de dinheiro. O ideal, ainda segundo o diretor, seria sete plantonistas no local, quando na realidade a maternidade possui somente quatro pediatras trabalhando em escala de visita.
Sobre a proibição de uma acompanhante para gestante, o diretor da unidade disse que ''quando a paciente é menor de idade, um responsável pode ficar próximo. Mas durante o trabalho de parto e o parto, o acompanhante é proibido de estar perto. Declarou ainda que a maternidade não possui respirador, porque é um aparelho existente somente em UTI Neonatal''.
Sobre a ligação que não foi atendia logo depois do nascimento da criança, o diretor disse que estava ocupado por causa de problemas pessoais de saúde.
Algo estranho no "ar"
A maternidade Missão de São Pedro é uma unidade filantrópica e recebe o repasse federal de aproximadamente R$80 mil por mês, segundo o diretor Antônio Gil. Cerca de 100 crianças nascem mensalmente no local. O dinheiro é enviado para o fundo municipal da prefeitura da cidade, que repassa o valor.
Não tinha pediatra
“A doutora me disse que não havia pediatra de plantão, que nenhum pediatra tinha acompanhado o parto. Fiquei em estado de choque. Fui ver o bebê, estava entregue as enfermeiras. Um bebê lindo de 3kg e com 53cm. Procurei a médica e disse que traria um pediatra. Fui informada que eles estavam tentando falar com o diretor da unidade, mas ninguém conseguia. Eles falaram que a pediatra só ia chegar as 7h. Meu neto não podia ficar esperando amanhecer”, disse a bisavó.
“A doutora me disse que não havia pediatra de plantão, que nenhum pediatra tinha acompanhado o parto. Fiquei em estado de choque. Fui ver o bebê, estava entregue as enfermeiras. Um bebê lindo de 3kg e com 53cm. Procurei a médica e disse que traria um pediatra. Fui informada que eles estavam tentando falar com o diretor da unidade, mas ninguém conseguia. Eles falaram que a pediatra só ia chegar as 7h. Meu neto não podia ficar esperando amanhecer”, disse a bisavó.
A médica pediatra chegou as 9h40 da manhã, duas horas e quarenta minutos depois do horário. De acordo com a bisavó, a pediatra disse que a criança estava em “um quadro considerado gravíssimo” e precisava ser transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neo Natal.
(Foto Arquivo Tayna Ribeiro) |
Após a autorização de transferência para uma UTI, o bebê precisou esperar por oito horas. O nome de Lucca Cardoso precisava ser inserido no sistema da Central Reguladora de Vagas do Estado do Rio de Janeiro, mas segundo a bisavó, o sistema estava fora do ar.
“Eu fiquei em cima o tempo inteiro pedindo para que eles corressem com a transferência. Quando foram colocar o nominho dele no sistema, disseram que estava fora do ar e que não podiam iniciar o processo de transferência. Comecei a gritar, falei que ia na Delegacia, no Ministério Público. Fiquei muito nervosa. Foi quando deram um jeito.”
A UTI com vaga mais próxima foi encontrada, a aproximadamente 165km de distância de São Pedro da Aldeia. A ambulância que foi enviada para buscar o menino chegou as 18h de terça-feira dia 15 de julho, oito horas depois que o pedido de transferência foi feito. Assim que chegaram na unidade de saúde de Niterói, a médica disse que o bebê estava agonizando, quando a pessoa se encontra em estado de sofrimento.
“Assim que a gente chegou na UTI, em Niterói, a doutora disse que meu bisneto precisava ter chegado mais cedo, que ele ficou esse tempo todo agonizando. Ouvi isso é muito doloroso, mataram nosso bebê por falta de estrutura, por falta de profissional. Isso não pode cair no esquecimento”, desabafou.
“Eu fiquei em cima o tempo inteiro pedindo para que eles corressem com a transferência. Quando foram colocar o nominho dele no sistema, disseram que estava fora do ar e que não podiam iniciar o processo de transferência. Comecei a gritar, falei que ia na Delegacia, no Ministério Público. Fiquei muito nervosa. Foi quando deram um jeito.”
A UTI com vaga mais próxima foi encontrada, a aproximadamente 165km de distância de São Pedro da Aldeia. A ambulância que foi enviada para buscar o menino chegou as 18h de terça-feira dia 15 de julho, oito horas depois que o pedido de transferência foi feito. Assim que chegaram na unidade de saúde de Niterói, a médica disse que o bebê estava agonizando, quando a pessoa se encontra em estado de sofrimento.
“Assim que a gente chegou na UTI, em Niterói, a doutora disse que meu bisneto precisava ter chegado mais cedo, que ele ficou esse tempo todo agonizando. Ouvi isso é muito doloroso, mataram nosso bebê por falta de estrutura, por falta de profissional. Isso não pode cair no esquecimento”, desabafou.
(Foto Arquivo Tayna Ribeiro) |
Lúcia Nogueira disse ainda que a maternidade de São Pedro da Aldeia não tem respirador. Um equipamento que ajuda crianças em quadro de asfixia. A avó pede justiça e comparou o local com campo de concentração.
“Ou fecha de vez aquela maternidade ou coloca gente que sabe trabalhar. Eu me senti em um campo de concentração, daqui a pouco outra criança vai ser morta e nada será feito. Outras pessoas me procuraram dizendo que passaram por algo parecido. Eu não posso ficar quieta”.
Um outro motivo que revoltou a bisavó da criança, foi quando a equipe médica não a deixou acompanhar o parto. De acordo com Lúcia Nogueira, é permitido por lei que a mulher tenha um acompanhante antes, durante e depois do parto. A lei nº11.108, de sete de abril de 2005 determina que os “serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato”.
Morte do Bebê
“Ou fecha de vez aquela maternidade ou coloca gente que sabe trabalhar. Eu me senti em um campo de concentração, daqui a pouco outra criança vai ser morta e nada será feito. Outras pessoas me procuraram dizendo que passaram por algo parecido. Eu não posso ficar quieta”.
Um outro motivo que revoltou a bisavó da criança, foi quando a equipe médica não a deixou acompanhar o parto. De acordo com Lúcia Nogueira, é permitido por lei que a mulher tenha um acompanhante antes, durante e depois do parto. A lei nº11.108, de sete de abril de 2005 determina que os “serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato”.
Morte do Bebê
Lucca Cardoso ficou vivo apenas três dias. Não resistiu e morreu na manhã da última sexta-feira dia 18 de julho. O enterro foi no Cemitério Municipal de São Pedro da Aldeia, que fica ao lado da maternidade onde a criança nasceu.
Gustavo da Silva Cardoso, de 18 anos, também acompanhou todo o caso de perto, disse que está inconformado com a falta de pediatra em uma maternidade, principalmente durante os partos e para atender casos como o do seu filho.
“Nem tenho muito para falar nessa hora. Foi absurdo perder meu filho por falta de médico, de um pediatra. Alguma coisa precisa ser feita”.
E agora "José"
De acordo com Antônio Gil, diretor geral da Maternidade São Pedro, há falta de profissionais pediatras no plantão. Ele disse que o recomendável pelo Ministério da Saúde é que o pediatra faça parte da equipe médica durante o parto, mas não tem funcionários suficientes por falta de dinheiro. O ideal, ainda segundo o diretor, seria sete plantonistas no local, quando na realidade a maternidade possui somente quatro pediatras trabalhando em escala de visita.
Sobre a proibição de uma acompanhante para gestante, o diretor da unidade disse que ''quando a paciente é menor de idade, um responsável pode ficar próximo. Mas durante o trabalho de parto e o parto, o acompanhante é proibido de estar perto. Declarou ainda que a maternidade não possui respirador, porque é um aparelho existente somente em UTI Neonatal''.
Sobre a ligação que não foi atendia logo depois do nascimento da criança, o diretor disse que estava ocupado por causa de problemas pessoais de saúde.
(Foto Heitor Moreira - Vó e Tayna arrasadas) |
Algo estranho no "ar"
A maternidade Missão de São Pedro é uma unidade filantrópica e recebe o repasse federal de aproximadamente R$80 mil por mês, segundo o diretor Antônio Gil. Cerca de 100 crianças nascem mensalmente no local. O dinheiro é enviado para o fundo municipal da prefeitura da cidade, que repassa o valor.
O "bicho" vai pegar para alguém
A bisavó da criança declarou que vai oficializar uma denúncia sobre o caso no Ministério Público nesta sexta-feira dia 25 de julho.
A bisavó da criança declarou que vai oficializar uma denúncia sobre o caso no Ministério Público nesta sexta-feira dia 25 de julho.